quinta-feira, abril 10, 2008


O Admirável Mundo Novo de Aldous Huxley

Imaginem-se numa sociedade em que os bebés nasciam única e exclusivamente de provetas e apenas consoante as necessidades da sociedade. Que de um único óvulo poderiam nascer até 96 gémeos exactamente iguais, condicionados desde a fase embrionária até a sua fase adulta por processos biológicos e de indução de forma a executar as tarefas para as quais estavam predestinados. Um mundo onde não existe o conceito de família, maternidade, religião em que cada um usufrui do relacionamento que quer sem qualquer compromisso. Onde não existe frustração, inveja, medo ou dor, onde há lugar apenas para o consumo massivo do novo e o velho perde significado.


Huxley organizou a sua sociedade em 5 diferentes castas, ípsilones, gamas, delta, betas e alfas. Ípsilones, gamas e deltas correspondem às castas inferiores, destinados a fazer as tarefas mais físicas e corriqueiras. As castas superiores betas e alfas estão destinados a tarefas de foro mais intelectual, donos do conhecimento implementado e com acesso às formas de cultura existentes. O mundo é dirigido por um grupo de administradores mundiais, únicos conhecedores da história e possuidores do conhecimento livre. Uma droga “Soma” ajuda as pessoas na sua fuga para a satisfação e alienação das frustrações e infelicidades e neste esquema se mantém as sociedades unidas num género de felicidade utópica.

A narrativa evolui através da personagem Bernard Marx, um beta mais que vive na angústia de ser fisicamente diferente dos seus pares e na viagem que faz até a uma reserva selvagem, onde habitam isolados e separados do resto do mundo por uma cerca electrificada, homens com cultos primitivos. O verdadeiro drama começa quando Bernard Marx consegue a autorização para trazer um selvagem para o mundo exterior e todo o confronto posterior que se dá entre o selvagem e a nova realidade que lhe surge. O autor desenvolve ainda uma interessante forma de justiça onde a punição praticamente não existe apesar de boa parte dela ser suportada por métodos ficcionados.

“O controlo do comportamento indesejável por intermédio do castigo é menos eficaz, no fim das contas, do que o controle por meio de reforço do comportamento desejável mediante recompensas.” (HUXLEY, 1957)

É para este mundo alternativo que Aldous Huxley nos arrasta, numa visão perturbadora e exacerbada do uso do ser humano como simples instrumento e peça de uma máquina que funciona por um bem maior e universal, castrando o ser humano da sua maior virtude, a de indivíduo livre. A obra surge como um alerta do autor, para a absorção e constante adaptação que o homem tem estado sujeito pelo avanço da ciência e a técnica na busca da felicidade última e como o avanço no uso dos instrumentos biológicos e psicológicos que a ciência vai possibilitando pode modificar as formas e expressões naturais da própria vida.

6 comentários:

Anónimo disse...

grande review e grande livro. Um dos clássicos da literatura mundial, sempre presente nas varias listas dos 100 melhores livros de sempre o/

Anónimo disse...

obra prima absoluta

Anónimo disse...

E quem diz que um dia não poderá ser assim?

Amendoim do Ricky disse...

A menos que aconteça um qualquer fenómeno apocalíptico que de forma altamente improvável extingua todos os homens de pensamento livre que não se resignem a uma vontade superior e singular isso nunca irá acontecer.

Anónimo disse...

i don't know with ye portuguese folks but I miss the glorious days of an epic war like a new world war!! I miss the sound of slashed flesh! I miss the terrific days of the salvation of the world by the magnanimous country United States of America oh bless the Lord!

Mariana disse...

Um livro que desperta a curiosidade...
Da primeira e única página que li recordo que fiquei bastante surpreendida com a forma de escrita do autor...
Um livro a ler certamente!