terça-feira, dezembro 23, 2008

Estrelas a cair

"Adoração dos Magos", pintura de Giotto di Bondone.

Desde cedo me venderam a história do menino Jesus e como uma estrela cadente guiou três Reis Magos, representando: “as três raças humanas existentes, em idades diferentes”, com o fim de adorá-lo e presenteá-lo com ouro, incenso e mirra. Já em menino achava muita efabulação descrever uma estrela que guiava três homens – por muito nobres que fossem -, e depois parava no céu onde o Deus menino estava nas palhinhas deitado.
A discussão da existência destas personagens é algo que nem se deve ter, de tão insípida e ridícula que ela pode vir a ser. Por outro lado, fascinantes são estes fenómenos em que a luz cruza o céu em riscos brilhantes, como o descrito nessas passagens do no Novo Testamento.
Hoje sabe-se que a chamadas “estrelas cadentes”, não são estrelas, são meteoros, pequenas partículas, poeiras, muitas delas mais pequenas do que um grão de arroz, que ao se encontrar com a Terra a enormes velocidades (só a Terra viaja a cerca de 10800 km/h), entrando na atmosfera, por força do atrito, aquecem até começar a arder e desenhar o traço luminoso a que os astrónomos chamam meteoro e as pessoas estrelas cadentes. A intensidade deste traço resulta não tanto da pedra que arde, mas de efeitos que produz na atmosfera, é um fenómeno parecido com o que acontece nas lâmpadas fluorescentes - com um gás no seu interior que não produz luz, assim que se liga interruptor esse mesmo gás torna-se luminoso - no caso não existe interruptor, mas a energia térmica desenvolvida na pedrinha faz com que o ar à sua volta, o oxigénio e azoto se tornem luminosos.

Estrelas cadentes e cometas - pequenos astros do sistema solar, com núcleo, cabeleira e cauda, que efectua uma órbita, geralmente muito alongada e não necessariamente periódica, em torno do Sol -, sempre foram e serão objectos deslumbramento e temor por parte do homem. Desde o mais célebre Halley, baptizado no século XVII e já alvo de uma sonda de reconhecimento de nome “Giotto”, o mesmo do artista italiano que pintou o quadro “Adoração dos Magos”, em 1301, até à recorrente e mais abundante chuva de estrelas cadentes, fenómeno anual que ocorre todos os anos em Agosto quando restos do cometa Swift-Tuttle entram na atmosfera terrestre, cometa este que recentes cálculos indicam que passará a 23 milhões de quilómetros da Terra em 2126, e na sua passagem em 3044 a apenas a 1,5 milhão de quilómetros da Terra (cerca de 4 vezes a distância que nos separa da Lua), terrivelmente próximo para cálculos bem mais falíveis que as actuais previsões económicas.


Cometa Swift-Tuttle

O Apocalipse pode estar aí, portanto, aproveitem o Natal enquanto podem.

5 comentários:

Mariana disse...

Que majestoso fica o céu coberto de estrelas! Já lá vai o ditado, onde há estrela cadente há um desejo pendente =P

Peçam os vossos desejos e...
Um bom e feliz natal para todos!

Anónimo disse...

Lol Já cá faltava uma visão catastrófica nesta altura só voces.

Hélder Aguiar disse...

Pulverizados por uma catástrofe nuclear, asfixiados pelo efeito de estufa, esmagados por um meteorito maroto e estouvado, queimados por um Sol sem combustível ou engolidos por um buraco negro grotesco... faltando ainda a possibilidade de sermos aniquilados por um Alien pegajoso qualquer...

São tudo formas de falecer com a mais alta das dignidades...

Até lá, aproveitemos este Natal e mergulhemos em todos os ideais e sentimentos a que ele se propõe : )

Boas festas a todos!

O Shihan disse...

De uma forma outpost, e aproveitando as palavras da adorável e formosa querida*, a pedir um desejo neste Natal, seria aspirar a uma sociedade com valores que todos nós parecemos defender, mas que ninguém parece se importar: humanidade, responsabilidade, honestidade, caridade, abnegação. Para quê desejar Bom Natal a todos e a qualquer um quando renunciamos aos nossos códigos morais e só os citámos de forma hipócrita nesta altura?

Hélder Aguiar disse...

É um facto! De qualquer modo, é bonito andar pelas ruas neste dia e desejar e receber bons natais de toda a gente.... Uh, soa a uma civilização superior.