sexta-feira, março 20, 2009

Notáveis 7ª arte

12 Angry Men de Sydney Lumet (1957) 12angrymenub5

“I don’t know what the truth is. I don’t suppose anybody will ever really know”

Um dos pressupostos e pilares essenciais de uma sociedade democrática e organizada, protegida pelo chapéu de leis, das regras essenciais que garantem os direitos e deveres aos seus membros, é a justiça. Desde os primórdios, das mais remotas civilizações, o sistema judicial era aplicado pelas personalidades mais importantes, antigas, ou mais representativas da comunidade.

Esta história, de Reginald Rose, é sobre isso mesmo: a aplicação da justiça por um grupo júris, cidadãos comuns, nomeados por um tribunal. Doze homens à luz dos factos apresentados em tribunal decidem o destino de um jovem oriundo de uma classe desfavorecida, acusado do homicídio do pai, e com todos os indícios e testemunhas contra si. Se considerado culpado é condenado à morte por electrocussão, caso contrário, é absolvido e libertado.

As evidências apontam para a certeza da sua culpa, assim estão convencidos 11 dos 12 jurados, com a excepção do jurado número 8 (Henry Fonda), o único que tenta colocar dúvidas legitimas sobre o unânime caso, fazendo o que seria lógico e humano fazer antes de condenar um jovem à morte - debater e ponderar todos os aspectos do caso. Com a certeza de ser impossível encontrar a verdade absoluta por trás do caso, o jurado número 8 (assim são conhecidas as personagens), introduz a óbvia razoabilidade da dúvida, desmontado grande parte dos factos, e conquistando os outros membros do júri, abrindo um campo de batalha de razões, conceitos e preconceitos, desumanidades, ódios e ignorância.

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O mais extraordinário deste filme é a forma de como Sydney Lumet e os doze actores nos transportam para dentro do filme, numa lição de expressividade sem precedentes, assente em inteligentes diálogos, uma perspicaz realização, e nas interpretações de Henry Fonda, Lee J. Cobb, E. G. Marshall, Jack Warden, ou Ed Begley. Toda a acção do filme se concentra numa apertada sala, num dia de calor claustrofóbico, mais de uma hora e meia de filme com doze homens a discutir no mesmo cenário. Enfadonho? Bem pelo contrário, interessante o suficiente para prender o espectador ao ecrã e fazê-lo esquecer o tempo. É também apelativo o suficiente para todos os tipos de público, como atesta a sua nona posição no top do IMDB. Talvez o preceito perfeito de que o cinema entretenimento não está de forma alguma desassociado da originalidade, da experimentação e do fastígio da crítica.

10/10

2 comentários:

Anónimo disse...

Parece ser um grande filme. A ter em conta.

Hélder Aguiar disse...

É sem dúvida um filme a ver!