terça-feira, junho 30, 2009

A cigarra de La Fontaine

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Com o fim do Verão e o início do Inverno, a cigarra ao sentir o frio pressentiu a morte, até que, subitamente, o calor voltou e a revitalizou até ao ponto de a fazer novamente cantar. O que a cigarra não sabia, é que o seu mundo era uma vacaria. No final do Verão, esta tinha sido limpa, depois, foram as fezes de uma vaca que lhe caíram em cima que lhe deu o calor enganador, quando o dono da vacaria levou as fezes, a cigarra, naturalmente, morreu.

La Fontaine inventou a fábula, dando a animais características e vivências humanas. A moralidade desta curta estória resume-se a uma engraçada máxima: nem toda a gente que te manda à M te quer mal; nem toda a gente que te tira da M te quer bem, mas quando estiveres na M, evita cantar.

Legenda: M = caca, cocó.

sábado, junho 27, 2009

A história repete-se!

Iran-elections-Woman-stan-005 Bem a propósito das recentes investidas aqui feitas sobre a China “popular”, nas últimas semanas, um dos principais bastiões de países que se julgam ainda no séc. XVI enfrenta uma revolução para os livros. A razão, como sempre, acaba de pender para o lado daqueles que acreditam na liberdade e igualdade como um direito inelutável, transversal a todos homens, independente de culturas, religiões, ou de regimes oligarcas, condenados, mais cedo ou mais tarde, a perecer sob o mesmo miasma daqueles que sonegam, sejam eles brancos, negros, amarelos, ricos, pobres, muçulmanos, cristãos, homens ou mulheres.

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*No ano de 2009, 70% da população iraniana tem menos de 30 anos, acede regularmente à grande aldeia mundial e, homens e mulheres continuam com deveres e direitos diferentes. As eleições de 2009, deram 80% de votos para um candidato, não muito diferente de um outro que as reclamou por fraude. O pretexto foi lançado para grandes manifestações de rua pedindo liberdade e democracia. A repressão foi rápida mas, o ponto a que se chegou, pode já não ter grande retorno. Os aitolas que se cuidem.

terça-feira, junho 23, 2009

O simbólico.

The last supperL'Ultima Cena de Leonardo da Vinci (finais do séc.XV)

Durante dezoito anos, no século XVI, uma série de cardeais e outras hierarquias da Igreja reuniram-se em Trento, no concílio que havia de ficar com o seu nome, para discutir uma reestruturação da Igreja, de forma a responder à recente Reforma Protestante.

Pasmem-se que, dos muitos dos temas ali discutidos exaustivamente, um levou a um acesso debate prolongado por longos meses. Se era ponto assente que Cristo comia e bebia, assim estava “confirmado” nos evangelhos e no magnífico quadro de Leonardo da VInci, uma dúvida subsistia na cúria: será que Cristo defecava?

Sobre este assunto estiveram debruçados as maiores e mais importante cabeças da igreja, até chegarem à luminosa conclusão que Cristo não defecava. Nenhuma santidade, principalmente o filho de Deus na Terra, poderia estar sujeito a uma necessidade tão mundana e terrena, oferecida aos mortais por Deus, sem se saber bem porquê.

Ainda hoje o dogma subsiste na Igreja Católica. O tema é tabu e, é sempre interessante ouvir o que um teólogo cristão tem a dizer sobre este assunto. Tem lugar o simbólico. Cristo acabou assim por ser mais do que o messias, foi o primeiro “homem” a comer e a não defecar, sem que isso lhe trouxesse problemas de saúde, ou será que defecava?

quarta-feira, junho 17, 2009

Tiananmen (Kill Another Yellow Man)

No seguimento do que aqui foi dito, fez há pouco tempo 20 anos que, esse tal regime, essa tal “cultura” a respeitar segundo alguns, felizmente poucos, esmagou, em pleno centro de Pequim, um protesto pacífico de jovens estudantes e outros insatisfeitos com o rumo do seu país.

As imagens que ficaram - homem contra tanque, numa altura em que o crivo da censura ainda não asfixiava tão eficazmente a informação,  são um marco na história do século XX e, um símbolo da resistência e da luta pela liberdade, independentemente, dos fugazes crescimentos económicos.

segunda-feira, junho 15, 2009

Uma cena chamada: Amália Hoje

 

Paulo Praça, Sónia Tavares, Nuno Gonçalves e Fernando Ribeiro revisitam as canções de Amália de uma forma surpreendente.

A ouvir, pelo menos uma vez.

sexta-feira, junho 12, 2009

Notáveis 7ª arte Blow-Up de Michaelangelo Antonioni (1966)

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Um fotógrafo famoso, na efervescente e frívola Londres dos anos 60, capta com a sua máquina fotográfica o que aparenta ser um possível homicídio, num parque público. Fica assim, em pouco mais de duas linhas, resumida a história contada por Michelangelo Antonioni, durante duas horas - prolongadas por longas cenas, diálogos reduzidos, tempos mortos e uma acção lenta em que a contemplação visual é preenchida a espaços com os sons rock da fútil Londres, em contraste com a acalmia da natureza, encontrada nas cenas de um parque no meio da cidade.

A primeira metade do filme pode tornasse exasperante, para quem tem pouca paciência para se deixar à mercê de um filme. Extremamente figurativo, encontramos apenas uma verdadeira personagem, como assim a entendemos, Thomas, o fotografo famoso de Londres, perseguido por todas as jovens londrinas desejosas de ser fotografadas por ele, na eterna busca pela beleza eterna. Todas as restantes personagens funcionam como manequins, de frases curtas e acções aparentemente inoportunas. 3008173580_1d51d2e92a_o Dois temas centrais sobressaem. O primeiro, e mais visível, é a futilidade dos anos 60, a juventude desinteressada, a gratificação imediata, o desprezo pelos valores mais profundos de todos os tempos, as drogas, a realidade humana num contexto de grupo, aglutinador de vontades e pensamentos. Neste contexto encaixa uma das cenas mais misteriosas do filme: Thomas visita uma loja de antiguidades, perto do palco do homicídio que mais tarde presencia. Na primeira visita é recebido por um velho que nada lhe quer vender, na segunda, depara-se com a verdadeira dona, uma jovem com o desejo de vender toda a sua loja, para que possa viajar e aproveitar a vida. Nesta última visita, Thomas acaba por comprar uma grande hélice de um barco, aparentemente inútil, mas que acaba por representar uma parte de um todo, de um todo que teve valor no passado, que foi útil antes, mas hoje não passa de uma inutilidade, um estorvo. O velho que ninguém quer, o novo que está urgente de uso. A guitarra partida disputada por Thomas, durante um concerto de rock, abandonada no segundo a seguir já na rua, o valor perdido aos olhos daqueles que encontram os seus cacos no passeio, em contraste com a fugaz luta que gerou momentos antes. As coisas mudam, as pessoas morrem, a cultura evoluí, a tecnologia evoluí, o lixo amontoa-se, a única coisa que sobra, imutável desde os princípios dos tempos é a natureza, mesmo a tocada pelo homem. O valor e o significado de uma árvore é hoje igual ao de 200 anos atrás.

O segundo tema está intimamente ligado com os nossos olhos, a nossa percepção do mundo, a representação que cada um de nós faz da realidade, oferecendo-lhe um significado muito próprio, e muitas vezes para nós, urgente. O problema da nossa interacção com o mundo ser feita a partir de sinais, sinais interpretados com a nossa necessidade de ordem e significado, necessidade que nos cega, confunde e força-nos a fazer assumpções, muitas vezes, com pouca informação, retirando daí um significado, nem sempre inteiramente verdadeiro.blowupArthurEvanscourtesyPhilippeGarner512

E quando esse acto de ver é feito mecanicamente? Quando a memória da arte mecânica, da fotografia, da imagem física que podemos tocar, tornasse mais real que a percepção bruta e crua dos nossos olhos? Será essa reveladora de uma verdade mais segura? Antonioni mostra-nos que sim e não, e sugere-nos as duas problemáticas em confronto: o acto de ver e, o acto de analisar o que se vê. Nenhuma das duas têm toda a informação, ou todas as respostas, a realidade estará sempre limitada pela percepção humana, independentemente da tecnologia que o homem pode construir para si. O homem cria aquilo que vê e vê aquilo que quer ver.

Este filme é um carrossel, inicialmente lento, entediante, despropositado; num certo momento, faz-nos pensar que estamos a ir numa determinada direcção, mas, por muito que este avance, parece que nunca chegamos lá; até chegarmos à última cena, em que toda a exigência pedia ao espectador, a paciência da contemplação, é sublimemente recompensada, como em nenhum outro filme, deixando o espectador, mesmo irreflectidamente, entregue a si próprio, numa abstracção pouco convencional, dona de uma força que nos obriga a revê-lo imediatamente e outra vez.

quarta-feira, junho 10, 2009

Mundo de oportunidades? Onde?



Aposto que naquela altura da tua vida te deparaste com essa interrogaçao e a ignoraste como se estivesse longe de te mostrar a realidade. É mais fácil, mais confortável para o teu pensamento.

Experimenta desafiar a descontinuidade da questão, talvez te surpreendas com o teu mundo.


O desafio depende de ti. É altura de te renderes ao valor cuja dimensão subtrai o seu alcance todos os dias.

Tu, uma folha de papel e um lápis. Agora cria. Faz-te visionário de momento.

Agora estás tu, a tua criação e o desejo. Se transpirares nele o teu querer vais-te perder de verdade.

É o risco da oportunidade na linha que oferece o parágrafo da tua folha de papel.

Se levares contigo a folha, levas também a certeza de uma interrogação resolvida.


Post Scriptum: para os mais tecnológicos, o txt serve.



Imagem retirada de http://olhares.aeiou.pt/. © Olhares.com - Todos os direitos reservados.


terça-feira, junho 09, 2009

4,63%

boletim de voto europeias 2009

Cerca de 164.870 votos em branco. Um número estranhamente omitido por todos os meios de comunicação social, que tive oportunidade de acompanhar. E, no entanto, dificilmente existirá uma forma mais significativa de protesto, do que esta. Alguém que se dá ao trabalho de se deslocar propositadamente, ao seu local de voto, com a intenção de não votar em nenhum partido, motivando-se a si próprio a exercer um direito seu, mostrando que se interessa pela “coisa pública”, mas, que não se identifica com nenhuma força política, deveria ter o direito, também, que essa posição ficasse bem clara.

Não se pode confundir o número avassalador da abstenção, e a sua possível leitura, com este. Por isso, sou um defensor que todos os brancos correspondessem a lugares vazios. Seria uma forma segura de rejuvenescer a democracia, obrigaria os participante políticos a empenhar-se ainda mais e, condicionaria todos os insatisfeitos a pensarem duas vezes antes de diluírem-se na abstenção, a pior forma de exercer o protesto em democracia.

sábado, junho 06, 2009

Opacidade cã

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Era uma vez um conjunto de países, unidos entre si pela força da democracia e pela descrença na máquina burocrática e distante de Bruxelas. De cinco em cinco anos, uns tais senhores tentam convencer-nos em arruadas e outros circos mediáticos, que já nada abonam em favor de tais personagens, de lhe entregarmos a bênção do maior e mais transversal direito, conquistado com o suor e sangue dos nossos antepassados: o voto.

Percebo que se despreze esse direito, faz parte da democracia, pena que a maioria das vezes, sejam quem o mais despreza os primeiros a queixarem-se dos seus azares, apontando o dedo aos eleitos no escrutínio em que desprezaram participar.

É amanhã e eu já não tenho dúvidas quanto ao meu voto, apesar disso, fica para os indecisos e curiosos uma forma de descobrir com quem mais se podem identificar.

Descobri que o partido de quem mais me aproximo é o Partido Humanista, com uns bonitos 86%, surpreendente, ou não.

terça-feira, junho 02, 2009

Chatice.

leite Não há tempo para coçá-los, quanto mais para abancar à frente de uma folha branca e escrever alguma coisa pretensamente interessante.

Sobram duas hipóteses. Escrever muito de longe a longe ou, escrever regularmente baixando os cuidados.

Hoje decidi escolher a segunda opção. Por isso, aqui vai um dos muitos mails que recebo diariamente. Este chamou-me a atenção pela sua graça inusitada e, por não vir em formato powerpoint.

a-)VAIS TER RELAÇÕES SEXUAIS?.... O GOVERNO DÁ UM PRESERVATIVO.
b-)JÁ TIVESTE?........O GOVERNO DÁ A PÍLULA DO DIA SEGUINTE.
c-)ENGRAVIDASTE?... O GOVERNO DÁ O ABORTO.
d-)TIVESTE FILHO?...... O GOVERNO DÁ O ABONO DE FAMÍLIA
e-)ESTÁS DESEMPREGADO?.... O GOVERNO DÁ O SUBSÍDIO DE DESEMPREGO.
f-)ÉS VICIADO E NÃO GOSTAS DE TRABALHAR?... O GOVERNO DÁ O RENDIMENTO MÍNIMO GARANTIDO
g-)CABULASTE E NÃO FIZESTES O 2º OU O 3º CICLO?..... O GOVERNO DÁ-TO EM 3 MESES NAS NOVAS OPORTUNIDADES.

AGORA.... EXPERIMENTA ESTUDAR, TRABALHAR, PRODUZIR E ANDAR NA LINHA PARA VER O QUE TE ACONTECE!!!..... O GOVERNO DÁ-TE UMA BOLSA DE IMPOSTOS PARA PAGAR AS ALÍNEAS ANTERIORES!!!

*Na foto Manuela Ferreira Leite, líder do PSD, na sua pose mais sexy encontrada no Google.