quinta-feira, novembro 12, 2009

O Cão Meio Submerso

half-submerged dogPerro semihundido  (1821 – 1823) de Goya. 

A vida é um grande enigma, uma roleta russa de acasos, um sortido de escolhas, sortes e azares. Os caminhos que se trilham nem sempre são perceptíveis, e as rasteiras pelo caminho tem a virtude de nos expor às nossas indubitáveis fragilidades.

Um cão afundado num terreno, com a cabeça de fora, atrás de um declive, a olhar para cima e com um olhar quase humano, expõe o paralelo entre a fragilidade e o enigma.

É impossível de determinar o genuíno propósito de Goya com esta pintura, possivelmente inacabada e retirada da sua “Quinta del Sordo” no conjunto de quadro negros, já aqui abordados.

O vasto espaço vazio que ocupa grande parte da pintura, acima de uma pequena cabeça isolada de um cão, e a fitar algo que parece estar fora da pintura, potenciada pela escassez de adornos, ajuda a  transmitir uma sensação de desassossego e ansiedade, que se tornou uma das maiores fontes de inspiração para muitos artistas contemporâneos, em vários domínios da arte.

O seu minimalismo e a sua completa falta de organização formal constituiu um precedente na pintura abstracta, mas também um precedente no olhar compadecido pelo sentir da vida.

1 comentários:

Hélder Aguiar disse...

O mistério e a sensação de tragédia!