Até bem pouco tempo, era contra pelo pouco que sabia e ouvia dizer, depois de ler o
Manifesto Acordo Ortográfico: A Perspectiva do Desastre redigido por Vasco Pulido Valente e inúmeras opiniões de linguistas que explicam o que na realidade se vai fazer à língua portuguesa tenho de ser impreterivelmente contra, assim como qualquer um de vós depois de conhecer o que vai estar em causa.
Para início da conversa, basta dizer que somos os primeiros no mundo a redigir um acordo que irá alterar uma forma de comunicação oral e escrita por decreto. Alguns senhores lembraram-se que seria boa ideia transformar o português falado e escrito, numa coisa híbrida qualquer entre o português do Brasil falado quase por 200 milhões de pessoas e o português falado por outros 40 milhões de pessoas.
Cavácu contente com o novo acordo ortográfico no Brasil disse: "A maior forma de valorizarmos o passado é fazer dele uma inspiração para um projecto futuro, este é um reforço das relações bilaterais na defesa de interesses como a língua portuguesa." Nenhuma das outras grandes línguas fizeram um acordo ortográfico desta magnitude, sempre se entenderam independentemente da grafia, da pronúncia, do léxico, da sintatese, entendemo-nos há séculos e não foi preciso o acordo nem no plano diplomático, nem de estudos para comunicarmos.
“A minha pátria é a língua portuguesa.” Fernando Pessoa
O caso é mais grave do que parece, não nos esqueçamos dos países que falam pelas regras do português como Angola, Cabo Verde, Moçambique ou Timor, a salganhada em que isto se vai transformar levará que daqui a umas dezenas de anos o português evolua para diferentes línguas. Se isto não é um assassinato à nossa língua, à nossa cultura e à nossa identidade não imagino o que poderá será.
Já muito se tem falado e inúmeros exemplos tem sido dados sobre as novas e idiotas regras do novo acordo ortográfico, mas vamos ver alguns exemplos da inadmissível desfiguração que a nossa escrita e pronúncia vão sofrer:
Receptivo – Recetivo
Contraceptivo - Contracetivo
As consoantes mudas têm a função semelhante ao dos acentos que é de influir no timbre nas vogais, abrindo as vogais que as antecedem, tentem agora tirar o p e vejam como vai soar a palavra que iriam usar. No brasileiro a questão não se põem porque este tem uma forma diferente de atacar as vogais.
Tentem ler agora as palavras em baixo e descubram o maravilhoso que vai ser poder dizer duas palavras que significam exactamente a mesma coisa mas de forma completamente diferente só porque sim.
Económico - Econômico
Mónica – Mônica
Topónimos - Topônimos
Coitadinhas das... Mónicas ou Mônicas?
Gátchinha Mônica a delirar com o novo acordo ortográfico. Para quem é da área das ciências e já teve de ler livros em brasileiro, seguramente se lembra dos famosos electrons, pois bem quando o acordo entra em vigor ficam dispensados de usar a chata e difícil palavra electrão e poderão usar a bonita palavra electron sempre que se desejarem nos vossos escritos e apresentações orais.
Os poucos defensores desta palhaçada, afirmam que nenhuma destas regras será de uso obrigatório, ficando apenas a obrigatoriedade das novas regras aplicadas a documentos oficiais.
Caso ainda não tenham reparado na extrema gravidade desta última premissa, imaginem que uma criança na escola primária, tanto pode escrever úmido como húmido estando as duas formas correctas, deixando os nossos educadores numa bonita posição, facilitando e muito o ensino e aprendizagem do português e contribuindo de certo para o enriquecimento do português.
Concluindo, deixa de haver uma regra para a ortografia, cria-se a chamada facultatividade que multiplicada pelo número de ocorrências, tudo ficando sobre o arbítrio mais corrente está criada a verdadeira confusão. Isto é além de irresponsável completamente ridículo, digno do pior exemplo de politiquices nos impostas por políticos medíocres impregnados de veleidades que nos governam.
Na falta de um rosto unicamente responsável por esta perversidade batam neste que já está habituado e merece.
Fui que isto já vai longo demais.