Avatar de James Cameron (2009) “Just relax and let your mind go blank. That shouldn't be too hard for you.”
A deixa é da insuspeita Sigourney Weaver, a sólida actriz norte-americana habituada, desde os finais dos anos 70, a estas andanças de encontros e conflitos entre o homem e seres alienígenas, quando ainda florescia na sua juventude e aprendia a extinguir bichos extraterrestres hostis, alcunhados, na altura, de Aliens.
Ela lá sabe do que fala… Avatar de James Cameron é o filme mais caro da história do cinema (pelo menos, até ao passado ano de 2009), uma experiência cinematográfica diferente, de um mundo à parte criado por imagens geradas em computador, espremendo aos limites a sofisticada combinação entre a última tecnologia e a encenação de actores solitários, sobre fundos verdes, na rígida tarefa de encarnar e cumprir uma cena ainda por acontecer, algures nos terminais electrónicos de um processador.
O argumento é um truísmo directo à acção, de forma a que não se perca muito tempo no que aqui é menos importante, e se passe directamente ao proveito de todos os dólares gastos no fascinante mundo de Pandora. E a fotografia é desconcertante. Paisagens luxuriantes, por entre florestas virgens e seres coloridos e espantosos. São os seres azuis “Na’'vi”, de corpos ágeis, atléticos, graciosos de movimentos e expressivos (como convém), os protagonistas deste mundo de harmonias perfeitas.
O problema está no ambicioso homem, já instalado neste mundo distante, rico num mineral caríssimo e, por isso, muito procurado. Entre os invasores está também instalado um grupo de cientistas, entusiastas deste fascinante planeta, e responsáveis pelo projecto “Avatar”, um processo que combina DNA humano com DNA alienígena, num ser interactivo que se parece com os Na’vis, mas que é controlado à distância pelo hospedeiro humano. A história segue o marine paraplégico Jake Scully, que toma o lugar do irmão morto no controlo do seu dispendioso avatar. Jake, na pele do seu avatar, acaba por imiscuir-se com os indígenas, aprendendo a sua cultura e habilidades. Acaba por ser neste conflito entre a natureza virgem do planeta e dos seus habitantes - e o desejo do homem em colher para si o precioso mineral -, que eclode a disputa entre o poder de fogo da máquina e a vida que brota da natureza de Pandora.
Avatar apenas se propõem a ser o que é - entretenimento puro, um esvaziamento reflexivo sobre o habitat e essa máquina destruidora em que o homem rapidamente se transforma. Um outro senhor desta arte de fazer cinema, não menos insuspeito que a actriz Sigourney Weaver, Francis Ford Coppola, questionou, numa recente entrevista, um dos seus interpeladores da seguinte forma: “Alguém acredita que o 3D pode melhorar uma má história?” Na minha opinião, não. Mas também não será este o caso. Cameron soube o quis, e preferiu centrar-se na ideia original de um dos irmãos Lumiére – a máquina de fazer sonhos; desta feita, apresentando-nos quase três horas de um onirismo pictórico, bem longínquo e acessível a todos - com óculos de preferência.
2 comentários:
Não há nada como Star Wars!!
O que eu tenho a dizer em relação a este filme é o argumento não acrescenta nada de novo ao que existe. A ideia de homens que através de máquinas se ligam a outro 'mundo' (matrix) e a ideia de juntar povos e reunir na luta entre bem e mal (Senhor dos Anéis). O que este filme tem de muito bom, e que praticamente ninguém percebe, é a tecnologia inovadora e concebida especialmente para este filme, a tecnologia 3D. A integração deste 3D com o real. De resto entendo que o filme é muito agradável de ver e consegue transmitir a mensagem =)
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