sábado, junho 11, 2005

Sacrifícios


Sócrates bem que prometeu que não ia aumentar os impostos mas depois da revisão do défice a 6,8% achou que não havia outra alternativa senão em aumentar o IVA sobre bens de consumo considerados não essenciais como o tabaco (muito bem), combustíveis (muito mal). Como se sabe o aumento dos combustíveis não tem uma acção directa sobre os outros produtos mas pode ter uma acção indirecta nos preços de todos os outros bens, porque as cebolas, as batatas e as cenouras não vão ter às prateleiras sozinhas e quem fala destes tubérculos fala de tudo o resto.

O Estado gasta mais do que recebe e isto só se resolve de duas formas com um combate feroz à fuga ao fisco e com reformas radicais e necessárias na função pública mais obsoleta e pesada da união europeia. Temos gente que está a receber do fundo de desemprego e podia estar a produzir. Numa reportagem da Sic Noticias não pude deixar de reparar que quando abordadas as pessoas que estavam na fila diziam que tinham ido tentar o subsídio de desemprego ao invés de tentar encontrar emprego, no mesmo canal uma outra reportagem deu o testemunho de uma empresária de uma loja de um centro comercial que tinha dificuldade em arranjar empregada, a senhora chegou a contar a história de certos indivíduos que trabalhavam durante alguns meses e depois faziam asneiras propositadas para serem despedidas porque preferiam estar a receber do fundo desemprego e não fazer nenhum do que ter de fazer algum e receber quase o mesmo.

Isto só lá vai com uma mudança nas mentalidades, desde o Zé ninguém até ao senhor fulano tal... é a cultura do "chico-espertismo", onde só paga impostos quem é estúpido ou... funcionário público e por conta de outrem! Diz-se que se todas as profissões liberais, restaurantes, jeitosos que fazem biscates e outras coisas do género passassem sempre facturas, o PIB subia quase 30% em matéria colectável. De repente deixávamos de ter um problema de défice. A mudança tem que ser feita por todos, a começar pelas mentalidades! Enquanto isso dêem tempo a esta maioria, mesmo que se tenha de acabar com a “injustiça” de os funcionários públicos terem de trabalhar menos 5 anos que os outros, mesmo que tenhamos de levar com políticos com reformas milionárias, intocáveis à luz dos direitos adquiridos, o mexilhão cá vai aguentando e pagando o apertar do cinto como sempre pagou, mesmo sabendo que o sector mais rentável do país a banca pague o mesmo em imposto o ano passado com mais de 20% de lucro do que o ano anterior.

Já agora o meu yeah ao não a esta constituição europeia pelos franceses, holandeses e a morte desta constituição, se a Europa já nos provoca condicionantes suficientes o simples facto de uma constituição europeia que mais do que a criação de um presidente e de um ministro dos negócios estrangeiros simbólicos é admitir a perda de igualdade dos estados membros por pressupostos demográficos ou de simples peso político ou económico é inadmissível, não é esta a ideologia que a maioria dos Europeus tem da Europa, não acredito nuns Estados Unidos da Europa por todas as razões e mais algumas. A dramatização por parte dos politicos deste não também não deixa de ser inadmissivel que eu saiba a Europa não acaba, o tratado de Nice continua de pé, o tratado que muitos destes chefes de estado assinaram e tentaram na altura convencer-nos que era o melhor para a Europa. Se o sim falhou deve-se em muito não à constituição em si que no meu entender é extramemente prejudicial para nós, mas sim à descrença crescente dos europeus nesta Europa e dos seus governantes que defenderam o sim de uma forma desigual em relação ao não vendendo-nos apenas duas alternativa ou o sim ou um beco sem saída para uma nova Europa politica.

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