Os Amendoins do Ricky - Onde cultura e parvalheira se entrecruzam de forma abominável

Escrevo estas linhas com um amargo de boca e logo após o jogo Barcelona – Benfica. O Barcelona tem uma equipa insuspeita, que joga um futebol que não envergonha ninguém, tem um treinador que sabe respeitar o adversário, mas hoje o Barcelona não fez o que podia, o que sabia e o que fez no estádio da Luz, daí o meu amargo de boca, daí a minha certeza que se o Benfica tivesse abordado o jogo de uma outra forma o resultado talvez fosse diferente.

Confesso que nunca fui muito entusiasta do senhor Cú-Man que com o seu realismo foi defender a todo custo para Camp Nou uma vantagem de jogar fora de casa que nunca existiu e só poderia ter existido se o Benfica fosse mais arrojado (não me lembro de ver o Barcelona a tremer tanto em casa como na segunda parte deste jogo). Mesmo descontando os brindes das perdas de bola desnecessárias no meio campo (a única forma que o Barcelona encontrou para criar perigo), mesmo com a dualidade de critérios dos árbitros habitual num jogo entre uma equipa de um país com uma federação poderosa como a espanhola e um clube português, mesmo com os golos falhados do Simão só com o guarda-redes pela frente nos dois jogos, mesmo com a policia a obrigar a equipa antes do jogo a dar um passeio de uma hora e meia por Barcelona, nunca se pensou que o Benfica tivesse sequer a possibilidade de sonhar com a hipótese de passar esta eliminatória e eliminar um clube que possuí um orçamento 10xs superior, que tem dos melhores jogadores do mundo. De qualquer das formas o que fica para a história é a melhor participação do Benfica na Liga dos Campeões na última década que não se deve a uma qualquer obra do acaso, mas sim devido ao labor de homens como Manuel Vilarinho e Luís Filipe Vieira que tiveram a coragem de "pegar" numa instituição falida, roubada, hipotecada, sem rumo e dar-lhe mais que um presente e vitórias desportivas um futuro.