terça-feira, julho 06, 2004

No Domingo quando acordei a minha mãe disse-me que precisava das molas


No Domingo quando acordei a minha mãe disse-me que precisava das molas, não que sejam fulcrais na estabilidade familiar mas a verdade é k estava um bom dia para por a roupa a secar e elas, as molas, escasseavam!! De facto estava um belo dia... e não obestante os longos raios do sol, lá dei a volta à minha mãe, talvez como todos nós fazemos com a nossa mãe, e fiz-lhe crer que molas há muitas.

Á parte desse promenor foi uma tarde normal, almocei o portuguesíssimo cozido à Portuguesa e para manter a tradição lá meti o palito ao canto da boca e fui até a varanda ver a vida a passar. Junto comigo estavam as molas pelas quais a minha mãe perguntara de manha e que eu, mentindo com todos os dentes, dissera que molas há muitas; seguram um rectângulo um 1/3 verde, uma circunferencia a 1/4 do topo e exactamente a mesma distância (1/4) da parte de baixo, onde dentro do seu contorno, por sinal amarelo, havia uma encruzilhada de segmentos da mesma cor requintadamente de diferentes tamanhos e que curiosamente culminavam num imponente escudo vermelho e ironicamente branco, contrastando a cor da paz com o significado hostil de um escudo, rebordado de castelos e de cinco pequenos escudos, ás quinas em forma da cruz de Cristo. O resto era simplesmente vermelho.

Pela maioria das casas estavam também orgulhosamente expostas a mesma bandeira de certo que não com as mesmas molas mas indubitávelmente com a mesma mensagem, com a mesma paixão.
Mais do que um acto, esta atitude foi um grito comum de união, eu também gritei....
No final de mais uma história épica Lusitana, o nosso fado voltou, voltámos a morrer na praia.... ou será que não??
Ao longo deste mês sofri, gritei, sorri e esbracejei "sobre a terra e sobre o mar", "abracei quem nunca vi", arrepiei-me por quem nunca toquei, "senti a voz dos meus igrejos avós", senti a tal "força que ninguém pode parar". Este mês VIVI como poucos viverão, a loucura esteve nas veias, estive "mais perto do céu" não por uma bola entrar numa baliza mas por todo este torbilhão de sentimentos, por este vendaval de emoções que os Portugueses criaram.


Para mim o fado já não é o mesmo, o meu destino mudou.
Já não vou tirar as molas que a minha mãe pediu no Domingo de manha, não por elas serem fulcrais na estabilidade familiar mas porque estava um bom dia para por a roupa a secar e elas, as molas, escasseavam. Na altura disse-lhe que molas há muitas, hoje vou-lhe dizer que poucas são as molas para segurar todo aquele inquantificável significado que encerra aquela bandeira, incontornavelmente a mais bonita do mundo.


Tenho dito!!

1 comentários:

Anónimo disse...

simplesmente fantástico, obrigado por estas palavras curtes. PORTUGAL sempre no nosso coraçao