O Super Acelerador de Partículas
Este mês marcou o arranque do funcionamento do maior projecto tecnológico e científico alguma vez empreendido pelo homem. O LHC (Large Hadron Collider, ou Grande Acelerador de Partículas).
Um aparelhómetro deste género permite que partículas carregadas electricamente sejam aceleradas através de campos electromagnéticos. A máquina em questão é uma gigantesca estrutura, situada a 175 metros abaixo do solo em Meyrin, perto de Genebra, possui uns impressionantes 27 quilómetros de perímetro e é todo um supercondutor que funciona à temperatura de 0 graus Kelvin (-270ºC) de forma a que não exista resistência eléctrica, tornando este acelerador de partículas na zona mais fria e vazia do sistema solar, incluindo espaço sideral (espaço do universo onde não existem corpos celestes).
Zona onde está instalado o LHC a 175m abaixo do solo na fronteira franco-suiça. O objectivo deste projecto megalómano com cerca de 20 anos, com um custo de 5 mil milhões de euros, com 4000 cientistas envolvidos de 20 países, incluindo Portugal é recriar o plasma cósmico que se formou milionésimos de segundos após o Big Bang há 15 mil milhões de anos e assim conhecer melhor a matéria (que constitui os corpos celestes, objectos e seres vivos) e a forma como a nível mais elementar ela interage entre si.
De forma a perceberem melhor o que está em causa aqui vou desenvolver umas linhas sobre a teoria atómica e nuclear para melhor entendimento da questão. Quem não tiver paciência, siga directamente para o penúltimo parágrafo.
Na Natureza existem 4 forças fundamentais. A da gravidade e electromagnética que estão presentes todos os dias à nossa escala (um candeeiro, uma televisão, algo que cai, a propagação da luz desde o Sol até nós). As outras duas só funcionam ao nível do núcleo.
O átomo é considerado a menor partícula ao qual chama-mos elemento químico (carbono, oxigénio, azoto). É constituído por partículas de carga negativa, chamados electrões que gravitam em torno de um núcleo que por sua vez é constituído por duas partículas, os protões de carga positiva e os neutrões, sem carga eléctrica.
Estrutura do átomo em esquema brasileiro retirado da Internet. Quando estão dentro do núcleo os neutrões são estáveis, mas se um neutrão se encontrar sozinho desintegra-se em poucos minutos, dando origem a um protão, a um electrão e a uma outra partícula neutra que não se vê - o neutrino. A força responsável pela desintegração é a força fraca e só actua ao nível do núcleo. No entanto como todos sabem que quando temos 2 cargas do mesmo sinal e as pomos próximas uma da outra repelem-se. Ora no núcleo temos empacotados numa região muito pequena uma quantidade enorme de protões, todos da mesma carga. Tecnicamente nenhum núcleo de átomo é estável, mas isso não acontece o que quer dizer que existe uma força que actua lá dentro contrabalançando essa força de repulsão, chamada força forte.
Desde 1974 que se sabe que os protões e neutrões não são partículas elementares, ao contrário dos electrões, sendo constituídos por 3 quarks (partículas que nunca se conseguiram observar), a interacção forte funciona através deles e permite que protões e neutrões se atraiam entre si e se mantenha assim a estabilidade do núcleo e a existência da vida como a conhecemos. Estas 4 forças possuem ainda mediadores que permitem ligar estas partículas entre si.
Na falta de um motivo para mostrar uma fêmea com as glândulas mamárias à mostra, apresenta-se uma foto de uma jovem física pronta para trabalhar no CREN. Resumindo o objectivo deste projecto é descobrir e decifrar as leis pelas quais se regem as partículas mais ínfimas que constituem tudo o que nos rodeia, incluindo a nós próprios e que conferem uma ordem aparente e visível que estrutura o universo.
Se não conseguem encontrar utilidade prática para esta brincadeira altamente financiada por inúmeros países, basta dizer que foi no CREN que nasceu por exemplo os aparelhos radiológicos de hoje em dia utilizados amplamente na medicina ou a Internet que permite que estejam a ler este texto.
Fui