Afinal a Terra não é o centro do Universo
A semana passada foi rica em efemeridades; primeiro os 200 anos de Darwin (12 de Fevereiro), depois os 400 anos das primeiras observações de Galileu, nascido a 15 de Fevereiro. Ambos foram responsáveis por profundas roturas nas sociedades em que viviam. Romperam com o conhecimento estipulado e abalaram de forma conclusiva verdades dogmáticas tidas como inabaláveis e sem discussão possível.
O caso particular de Galileu é a todos os níveis meritório, tanto pela época em que viveu, em plena época renascentista (século XVI e XVII), sob a terrível mão inquisidora da Igreja Católica (outros antes como o filósofo Giordano Bruno, haviam sido queimados por afirmar o mesmo), até às resistências da comunidade científica em abandonar os postulados cosmológicos de Aristóteles e Ptolomeu.
Galileu mudou a mentalidade e a concepção que a humanidade tinha do seu valor e importância no universo, apontou-nos o nosso lugar no Universo a partir da sua luneta - que o próprio construiu e aperfeiçoou –confirmando o modelo heliocêntrico de Copérnico e sustentando o que outros afirmavam, mas não provavam. Usou para isso o pioneiro método científico moderno, base da investigação científica actual: baseado na observação e experimentação, inspirando o trabalho de Kepler e Newton e a forma de como se faz ciência, até aos dias de hoje.
Galileu como todos os génios foi mais do que isso, desenvolveu a lei da inércia, da queda dos corpos, descobriu que as forças aceleram, criou os primeiros termómetros e promoveu avanços tecnológicos como nenhum outro o fez. Era um artista completo, descrevia e desenhava tudo o que observava, desde as luas de Júpiter, aos anéis de Saturno, as fases de Vénus (apresentava-se maior ou mais pequeno conforme estivesse mais ou menos perto da Terra), as manchas do sol, até as faces rugosas da Lua (em baixo).
O ano de 2009 é o Ano Internacional da Astronomia, uma excelente oportunidade com as várias iniciativas da Sociedade Portuguesa de Astronomia para redescobrirmos o nosso lugar no Universo e combatermos a analfabetização científica que por cá ainda reina (apesar de o séc. XVII já lá ir longe) daqueles que de astronomia parecem só saber o que se resume na frase título e pouco mais.
*Segunda imagem: Estátua de Galileu no museu Uffizi em Florença.
1 comentários:
Excelentes pinceladas culturais Shihanito, como sempre.
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