O vinho terá sido das primeiras bebidas fermentadas a ser produzidas pelo homem, desde a mais remota antiguidade (6000 a.C), até hoje é amplamente apreciado e alvo de um culto ímpar por todo o mundo. A preferência das civilizações antigas por esta bebida em detrimento da água é facilmente compreendida pelas suas características: mais segura; com efeitos psicotrópicos; muito mais nutritiva. Historiadores defendem mesmo que foi uma das principais causas do desenvolvimento das sociedades ocidentais, promovendo indivíduos mais saudáveis (apesar de ébrios durante algum tempo), com maior esperança média de vida, maior sucesso reprodutivo, além do papel sociais, económico, comercial, facilitando um sem número de interacções culturais, e claro, a sua importância religiosa (cristãos, judeus, islâmicos o consagram), como dizia Benjamim Franklin: “O vinho é a prova constante que Deus nos ama e deseja ver-nos felizes.”
Produto fermentado que é, depende da qualidade e especificidade da sua matéria-prima, a uva, mas também da acção de organismos vivos, leveduras e bactérias para a sua produção.
Portugal, fruto dessa ocidentalização e características topológicas únicas, é um país de grande tradição vinícola, como se atesta pela sua área de vinha cultivada ( 250 mil hectares, a 4ª maior na Europa dos 27), e consumo per capita.
A revista DECO Proteste, publicou o passado mês, o guia dos melhores vinhos 2009, analisando uma totalidade de 260 vinhos. A novidade em relação a outras publicações do género está na análise da qualidade química, além da habitual análise sensorial por degustação. Alguns dos resultados deixaram-me surpreendido, principalmente nos vinhos brancos. Muitos deles obterão a classificação de medíocre, não pela prova, mas pela composição em valor de conservantes, sulfitos.
Apesar de todos os vinhos analisados estarem dentro estipulados pela UE (falamos de valores da ordem dos ppm, parte por milhão), e portanto, salvaguardada a saúde pública - podem ser agentes alergénicos e sabe-se lá mais o quê, fazer o cancúru - desde há muito que o seu uso se tem restringido a quantidades marginais, por força do crescente desenvolvimento da tecnologia vinícola.
Os sulfitos (SO2), aparecem nas garrafas com a anotação de E220 e E202, são amplamente usados como conservantes na indústria alimentar, no vinho, protegem os compostos da oxidação, mantendo a integridade organoléptica (por exemplo, evitando a perda de cor), suprimem o crescimento de microrganismos indesejáveis - já que por ordem da mãe Natureza, ou do nosso senhor, os microrganismos que interessam até são bem resistentes a estes malvados –, ligam-se ao acetaldeído (substância de sabor azedo, formada durante o processo de fermentação alcoólica, predecessor do vantajoso etanol), por considerações químicas que para aqui não são chamadas, resultando uma substância inodora, promovedora da felicidade de produtores e consumidores.
A revista custa 20€, amigo como sou, revelo aqui sem qualquer custo para o utilizador, alguns dos melhores por ela considerada, contribuindo para o opróbrio dos piores com a mesma lânguida satisfação, que promovo os melhores.
A beber:
Paço dos Falcões Grande Escolha 2004 – Tinto, Ribatejano.
Quinta da Bacalhôa 2006 – Branco, Terras do Sado.
Catarina 2007 – Branco, Terras do Sado.
Casal da Coelheira 2007 – Branco, Ribatejo.
Dos piores classificados:
3 Marias – Branco, vinho de mesa.
Gazela – Branco, vinho de mesa.
Casal Garcia – Branco, vinho de mesa.
A pior apreciação, na sua generalidade, dos vinhos brancos neste guia salta à vista, explicando-se pela necessidade de maiores doses de conservantes para vinhos deste tipo, devido ao seu mais baixo teor alcoólico. Curioso é também constatar que muitos dos melhores vinhos até nem são assim tão caros, corroborando a teoria que nem sempre preço acompanha a qualidade. Mais não divulgarei, porque a minha memória assim não o permite, é que mesmo para sócios da DECO ,o guia continua a custar 17€.
Saúde.
1 comentários:
Genial lool
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