quinta-feira, dezembro 24, 2009

Agora a sério.

Feliz Navidad

The Birth 1597 - Barocci The Nativity (1595) de Frederico Barocci

Para lá das questões artificias desta época natalícia, o ressurgimento a cada ano dos valores da partilha, da solidariedade e da “família”, mesmo encobertas pelo ininterrupto manto do simbólico, é uma bela soberba que a nossa tradição cristã nos deixou.

Por muitas simpatias ou antipatias que possamos ter por este período, a demonstração de um aceno; seja embrulhado em papel, no formato de mensagem de telemóvel, de um telefonema de alvitre ou da simples presença daqueles (que como nós), se engolem na correria da vida, e vêem perdida a candura, subitamente reencontrada no festejo, é algo de nobre que a tradição nos traz.

É de uma combinação entre um género de naturalismo e místico,  de um aproximar dos corpos no espaço, que se desfruta deste procedimento natalício, bem mais regulamentar do que as linhas traçadas por Federico Barocci - pintor maneirista italiano do séc XVI e XVII, discípulo da escola de Tintoretto e Ticiano - no seu fresco “O Nascimento”, para o último duque de Urbino – Francesco Maria II della Rovere.

O fresco de cima compõem a cena original do estábulo, pela mão de Barocci, do menino Jesus nas palhas deitado, perante a contemplação da Virgem Maria e a incitação de José, perante o nascimento do messias. Apesar de seguidor da rígida escola veneziana, Barocci diferenciou-se pelo seu estilo peculiar na utilização da cor e da luz, e do destacado realismo que imprimiu às suas personagens. Foi por estes motivos considerado único, num tal de naturalismo místico, aproveitando a atmosfera poética que uma cena sagrada proporciona.

Efémera, desvirtuada, insuficiente, insignificante, dogmática, tudo se pode dizer sobre a atmosfera que rodeia o Natal. Mas da satisfação (por muito momentânea que seja), da reunião, da partilha, da alegria da criança, da recordação e do convívio genuíno, entre um naco de bacalhau e uma rabanada, continuará a rezar a história do Natal português, pela mão dos maneiristas do nosso tempo.

A tradição ainda é o que era, e oxalá continue a sê-lo.

1 comentários:

Hélder Aguiar disse...

I love christmas : ) (e oxalá continue a amar)