Robert Musil #1
Aproveitando a deixa do Shihan, inicio aqui um ciclo de citações de uma obra grandessíssima e complexa, mas que me está a dar um capricho especial a ler, pela forma lenta como a leio (sabe-se lá porquê).
Todas as profissões, quando não as exercemos por dinheiro, mas por amor, chega um momento em que o passar dos anos nos parece levar a um vazio.
Robert Musil, "O Homem sem Qualidades"
3 comentários:
Curiosa esta afirmação...
Também não vejo a prática de uma profissão de uma forma onírica. Para lá da necessidade de ter de existir o mínimo de gosto, por aquilo que se faz, e se dá à sociedade, a realização pessoal só pode ficar completa com a devida compensação pecuniária. A vida em sociedade assim o dita, andando, enquanto a ordem das coisas assim se manter (dificilmente se alterará), a par com a companhia, de perto, dos nossos íntimos.
Sem dúvida. Esta afirmação, aparentemente oposta àquilo em que acreditamos (quem segue uma profissão por gosto não deveria sentir-se vazio), mas é precisamente quem mais ama as coisas, quem dá mais importância ao que está ainda por realizar, que incorre nesse risco, de momentaneamente se desanimar.
Exactamente porque nem sempre "amámos" verdadeiramente aquilo que julgámos "amar". Mas isso leva a outra questão, a da expectativa da realização e da realização propriamente dita. A tratar em outra oportunidade...
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