quinta-feira, fevereiro 03, 2005

EU AINDA ACREDITO NO MOURINHO DA POLÍTICA
Eu tb sei que isto é muito grande mas tentem ler e dêm a vossa opinião :

Bom, vêm aí as eleiçoes, e os problemas que eu encontro em Portugal e que os políticos deveriam tentar combater (à excepção do último, que depende de cada um de nós e NÃO do governo) são os seguintes:

1 - Baixo nível de escolarização. Somos o país que tem apenas 10% de licenciados e apenas 20% da população com o ensino secundário (nas quais se incluem os 10% anteriores). Isto é um problema GRAVE já que até os países do leste europeu apresentam muito melhores resultados a este nível. Isto vai ter como consequência uma falta de competitividade a nível económico. Só com uma mão de obra especializada é que o país poderá ter uma economia forte e competitiva.
2 - Pouca aposta nas Ciências e Tecnologia e na investigação - O problema é que a curto prazo não rende o investimento... os nossos colegas do leste europeu, mais pobres que nós, já souberam há muito e hoje têm bases mais sólidas que, se tudo continuar assim, vão ultrapassar o nosso país a médio prazo.
3 - Segurança social - Somos o país com uma das taxas de natalidade mais baixas da UE, uma população em envelhecimento progressivo e corremos o risco de afundarmos o pouco dinheiro gerado a pagar as reformas. Por outro lado, temos um dos sistemas sociais mais injustos da UE, com excessiva fuga fiscal principalmente de quem mais tem.
4 - Sistema Nacional de Saúde - Gastamos demasiado com a saúde, fruto da má organização e funcionamento geral das unidades de saúde, com pouca interligação e cooperação entre elas. Mas por outro lado, os próprios médicos contribuem. Primeiro, porque são dos que ganham melhor na UE (ganham em média mais que os médicos espanhóis). Segundo, receitam ao desbarato. Há a moda de receitar tudo e mais alguma coisa, muitas vezes desnecessariamente, o que pesa muito no PIB nacional (por exemplo uma pessoa com artrites nos pés, não seria mais eficiente dizer à pessoa para enfiar os pés em água quente todos os dias antes de se deitar em vez de empilha-la de medicamentos dispendiosos?). Somos o país europeu que mais consome medicamentos por pessoa. Dá que pensar. Terceiro, pede-se demasiados exames complementares desnecessários que, caia-se no ridículo, alguns médicos muitas vezes nem sabem interpretar.
5 - Elevada burocatização - Tanto na administração pública como no funciamento judicial, atrasando o normal funcionamento.
6 - Dependemos excessivamente do petróleo - Somos o país europeu mais dependente do petróleo para produzir energia. Partindo do pressuposto que é uma energia finita e que não somos capazes de a produzir (temos que comprar), acarreta muitas desvantagens e a longo prazo pode levar a muitos problemas económicos. Temos que apostar mais em energias renováveis (para além das barragens) e porque não em energia nuclear?
7 - Elevada centralização do poder e assimetrias sociais - A riqueza está no litoral e principalmente Lisboa. O país é quase só Lisboa. O interior não tem oportunidade de se unir numa voz única, nem por exemplo o Porto. O Porto é uma metrópole mas, se formos a ver, as sedes de todas os bancos e empresas importantes estão na capital. Há um desiquilibrio regional acentuadíssimo. Fazer auto-estradas só nao chega. É preciso, é imperativo regionalizar. É preciso haver uma voz única a defender os interesses de uma região! Como está actualmente, são um conjunto de vozes pequenas a falar cada uma para seu lado e no final, nada é feito. Vejam o caso da Madeira que consegue sempre do Estado o que quer. Acham que se não houvesse uma única pessoa a defender os interesses isso seria possível? Desculpem a parcialidade, mas esta questão é daquelas que eu acho que é de caras. O país centrado só em Lisboa não vai muito longe.
8 - Própria mentalidade das pessoas - Somos, em geral, pessimistas, com pouca autoconfiança, tendemos a culpar os outros pelos problemas de todos, somos também pouco perfeccionistas e rigorosos e temos pouca paciência. Agora que falo nisto estou a recordar-me por exemplo do senhor Fernando Gomes quando aceitou o cargo de ministro da administração interna do PS. Ui... o que se falou mal... todos os dias era um desastre, um assalto a uma bomba de gasolina, enfim, de tudo um pouco. Tanta pressão se gerou que o nosso primeiro ministro António Guterres não pôde fazer outra coisa senão substituí-lo. Quando o seu substituto entrou, um borra-botas qualquer que ninguém conhecia de lado nenhum, de repente, tudo se resolveu. Não houve mais desastres, assaltos nem mortes no país. De um dia para o outro. Talvez, digo eu, ele ser um diga-se verdadeiro "homem do norte", incomodava muita gente... E também a parte final deste governo, está bem que cometeram muitos erros, alguns deles graves, mas também chegou-se a um ponto em que o home nem sequer podia urinar que se falava mal...

É preciso ter coragem para mudar. É preciso ter consciência que medidas para combater estes problemas podem não agradar a gregos e troianos, principalmente lobbies instalados, organizações que não querem mudar porque é chato, enfim... É preciso ser paciente. Durante o próximo governo, que ao que tudo indica será do PS, é preciso ser paciente até ao final do mandado e depois julgar. Não é de um dia para o outro que isto muda. Por exemplo, tanto se falou do governo que vendia património para segurar o défice. Ora bem... o PS prometeu reverter isso em quando? 2008 nao é? Até eles sabem, e ainda não estão inteiramente por dentro do assunto, que tal não é possível ser feito já... Para quê falar mal compulsiva e radicalmente e destabilizar? Outro exemplo... o desemprego. Está bem que muitas empresas foram à falência. Mas será mesmo o governo o principal culpado? (com isto não digo que também não tenha responsabilidades) Ou será a falta de competitividade nacional face aos produtos ao desbarato que chegam da China e isso? Será que o governo tem responsabilidades nisso, ou será a globalização mundial? Não é só cá no nosso país que acontece. O desemprego em Portugal é 7%, enquanto que na Alemanha é de 11% e na Espanha 14% (!). Mas lá as pessoas não se deixam dominar por TVI's e outros do género... Enfim...

Com esta instabilidade política, Belmiro de Azevedo, o empresário português de referência, disse que não ia investir em Portugal nos próximos tempos. Sinal negro. Que o próximo governo possa governar 4 anos e gerar estabilidade em Portugal para que as empresas voltem a investir e gerar emprego. Espero que tu, Sócrates, sejas o Mourinho da política.

1 comentários:

CuRTeS disse...

Parabens pelo teu post!! e bom saber k a jovens interessados na politica Portuguesa! Na generalidade concordo com o seu conteudo, contudo a determinados aspectos k podem ser explorados doutra maneira e espero arranjar uma opurtunidd para os explanar aki!!
Parabens Helder!!!