FUCKING Book Review – God’s Delusion (A Desilusão de Deus) de Richard Dawkins
Criacionismo ou Darwinismo? Deus ou Selecção Natural? Qual a razão de aparentemente todas as raças e civilizações terem religião, e como esta pode ser interpretada pela teoria da selecção natural?
São estas algumas das questões que Richard Dawkins responde neste seu último livro, tendo como base os derradeiros desenvolvimentos no conhecimento científico em diversas áreas (Física, Biologia, Química…). Dawkins engloba-os elaborando, apesar de tudo, uma obra relativamente acessível de se ler, com base em inúmeros exemplos simples e lógicos.
Dawkins aborda a “hipótese Deus” como uma hipótese científica como outra qualquer (como aliás, segundo ele, não existe nenhuma razão válida para não o ser). A questão essencial do livro é a de defender que “qualquer inteligência criadora, dotada de complexidade suficiente para conceber o que quer que seja [o ser Humano], só pode passar a existir enquanto produto final de um longo e gradual processo de evolução”. Para o autor, é cientificamente muito mais provável um processo lento e gradual, sucessivamente por pequenos passos, ao longo de milhões de anos (do género “guindaste construtor”) originar a complexidade actual, do que a criação abrupta de tudo por um ser superior. Até porque evidências desta evolução não faltam (como a documentação por fósseis da evolução progressiva da complexidade de várias espécies, ao longo de milhões de anos). Por outro lado, a haver um Ser que tivesse criado toda esta complexidade, ou que, por um desígnio cosmológico tivesse “moldado” o universo de maneira a este originar vida (mexendo em complexas leis físicas) teria, indubitavelmente que ser, do mesmo modo, um ser extremamente complexo, de uma complexidade impensável de ter surgido do nada.
Dawkins designa ainda os teólogos que se apoiam no que a ciência ainda não consegue provar ou explicar como os “tapa-buracos”. Um dos passos decisivos na teoria da evolução, que ainda não conseguiu ser documentado em laboratório, foi o momento da criação da vida a partir da matéria existente. Dawkins remete isso para o campo da improbabilidade, poderá ser um evento em tal ordem improvável (porventura na ordem dos biliões ou mesmo triliões) que dificilmente algum dia poderá ser recriado em laboratório. Tal como se calcula que existam no universo pelo menos 100 triliões de planetas, a probabilidade de acontecer vida a partir de matéria pode ter uma probabilidade 1/100.000.000.000.000 se tivermos o privilégio de ser os únicos no universo. “Ora, qual a experiência científica que, imaginemos, com uma taxa de sucesso na ordem dos 1/100 não cairia no ridículo? Quanto mais uma de 1 sobre 100 triliões!” São abordados, ao de leve, todas aquelas variáveis físicas que são permissíveis à criação de vida tal como a conhecemos (a chamada “zona de Goldilocks” – a zona ténue onde todas essas variáveis – desde a distância da Terra ao Sol à força que une os neutrões ao átomo - permitem a evolução). Mesmo admitindo que foi uma sorte tremenda estas variáveis estarem na zona Goldilocks acrescendo ainda a vida de facto acontecer (apesar de tudo, até há pelo menos 100 triliões de planetas), é muito mais provável e lógico acreditar nesta hipótese no que na hipótese criacionista.
As religiões e os vários argumentos que as religiões utilizam para a existência de Deus são também genericamente aprofundados. A crença num homem que nasceu de uma virgem e sem pai biológico, que subiu aos céus em próprio corpo (depois de ressuscitar) onde está sentado à direita do “pai” que é ele próprio não é mais ridícula, segundo Dawkins, do que a crença em “espíritos que saem do corpo de bruxas e que comem a alma das pessoas” acreditada por algumas tribos de ilhas do Pacífico. Para o autor, a verdade, segundo a religião, não é mais do que “a opinião que sobreviveu” citando Óscar Wilde. Relata ainda vários exemplos de casos recentes de religiões e crenças absurdas que proliferaram rapidamente, a partir de um evento explicável, para documentar como não é tão difícil “globalizar” uma crença popular baseada em factos erróneos, e que como essa se mistifica, com o passar dos tempos. Sustenta ainda, apoiando-se em experiências realizadas, que o ser Humano, em criança, tem tendência para o dualismo (acreditar na separação da alma e do corpo) e, geralmente, em crer inequivocamente naquilo que os adultos lhe dizem (vantagem evolutiva pelos moldes da selecção natural), apontando assim razões para a perpetuação das crenças religiosas.
É, no fundo, uma obra científica (apesar de aparentemente estar revestida de um pendor comercialista) que diz ser “capaz de transformar em ateu qualquer crente com bom senso que o leia”. Sem dúvida, uma obra que transpira conhecimentos extensíssimos em diversas áreas do conhecimento científico actual, e que aconselho vivamente a todos.
Richard Dawkins - Professor Catedrático de Biologia na Universidade de Oxford
2 comentários:
Sem dúvida um livro a ler. O dogma de Deus e do inicio de tudo isto, a vida, o planeta terra, o universo é algo que está para além da nossa compreensão e é interessante reflectir como nós seres humanos tentamos interpretar este dogma que afinal de contas é nosso.
Este mundo tá perdido...Estes jovens de hoje em dia já não respeitam nosso Senhor...É o fim do mundo...
Enviar um comentário