terça-feira, setembro 30, 2008


O fim do capitalismo, por Godspeed You! Black Emperor

Já estes meninos vinham dizendo, nesta lânguida obra de arte de 1998. De Montreal, os ícones do movimento post-rock. Nunca a música rock foi tão depressiva, exasperante, agonizante. Tão cruamente real, tradutora, por si mesma, da perfídia do ser humano. Ouçam, leiam e sintam. E sejam surpreendidos próximo do fim.



The car's on fire, and there's no driver at the wheel...
and the sewers are all muddied with a thousand lonely suicides
and a dark wind blows 
the government is corrupt
and we're on so many drugs
with the radio on and the curtains drawn 

we're trapped in the belly of this horrible machine
and the machine is bleeding to death 


the sun has fallen down
and the billboards are all leering
and the flags are all dead at the top of their poles 

it went like this: 

the buildings tumbled in on themselves
mothers clutching babies picked through the rubble
and pulled out their hair 

the skyline was beautiful on fire
all twisted metal stretching upwards
everything washed in a thin orange haze 

i said: "kiss me, you're beautiful -
these are truly the last days" 

you grabbed my hand and we fell into it
like a daydream or a fever 


we woke up one morning and fell a little further down -
for sure it's the valley of death 

i open up my wallet
and it's full of blood


Em 29 de Setembro de 2008, o congresso Americano chumbou a proposta do governo para salvar a iminente queda do sector bancário. Por toda a Europa e EUA, vários bancos e instituições financeiras declararam já falência.

"ESTAMOS PERANTE O FIM DO CAPITALISMO: CHEGOU A VEZ DE TOMARMOS O PODER CAMARADAS. VIVA O PCP!", João Fonseca, In Publico Online

segunda-feira, setembro 29, 2008

Porque hoje até que me apetece.

E estou com saudades daquelas cançõenzinhas diletantes, cheias de bufonarias, pertencentes a um tempo cada vez mais longínquo, e oposto à actual moda indolente de letras de músicas pop-rock misantrópicas de paixões esquecidas e não correspondidas.



I met her in a club down in old soho
Where you drink champagne and it tastes just like cherry-cola
C-o-l-a cola
She walked up to me and she asked me to dance
I asked her her name and in a dark brown voice she said lola
L-o-l-a lola lo-lo-lo-lo lola

Well Im not the worlds most physical guy
But when she squeezed me tight she nearly broke my spine
Oh my lola lo-lo-lo-lo lola
Well Im not dumb but I cant understand
Why she walked like a woman and talked like a man
Oh my lola lo-lo-lo-lo lola lo-lo-lo-lo lola

Well we drank champagne and danced all night
Under electric candlelight
She picked me up and sat me on her knee
And said dear boy wont you come home with me
Well Im not the worlds most passionate guy
But when I looked in her eyes well I almost fell for my lola
Lo-lo-lo-lo lola lo-lo-lo-lo lola
Lola lo-lo-lo-lo lola lo-lo-lo-lo lola

I pushed her away
I walked to the door
I fell to the floor
I got down on my knees
Then I looked at her and she at me

Well thats the way that I want it to stay
And I always want it to be that way for my lola
Lo-lo-lo-lo lola
Girls will be boys and boys will be girls
Its a mixed up muddled up shook up world except for lola
Lo-lo-lo-lo lola

Well I left home just a week before
And Id never ever kissed a woman before
But lola smiled and took me by the hand
And said dear boy Im gonna make you a man

Well Im not the worlds most masculine man
But I know what I am and Im glad Im a man
And so is lola
Lo-lo-lo-lo lola lo-lo-lo-lo lola
Lola lo-lo-lo-lo lola lo-lo-lo-lo lola


Agora na versão do Tony Carreira inglês, que até nada ficou a dever à original de 1970 dos The Kinks, não fosse a falta de originalidade para fazer um vídeo mais sugestivo. Esta versão está incluída no duplo cd de comemoração dos 50 anos da BBC Radio 1, Radio 1 Established 1967, que teve a virtude de juntar os mais insuspeitos e impensáveis artistas a tocar e cantar os hits mais balados dos últimos 50 anos por terras britânicas.



Digam lá que nos anos 70 os tipos não tinham mais estilo?

Fui

quinta-feira, setembro 25, 2008

Faz hoje 10 dias da sua morte e ainda não colocamos aqui nada. De todo o lado nos surgem reptos "Então porque ainda não o fizeram?", "Porquê?"... Talvez não encontremos uma explicação lógica, mas não fora por falta de consideração.

Para as almas mais distraídas falo de Richard Wright, mais conhecido por Rick Wright, teclista dos Pink Floyd. Com a sua morte, desintegra-se uma das bandas mais marcantes, mais influentes de sempre da história do rock. O que nos remete para a fragilidade da existência humana, como apesar de todos os avanços tecnológicos, sociais e culturais, continuamos reduzidos às limitações desta miserável matéria orgânica que nos envolve e nos arrasta para o abismo, sem nada podermos fazer. Talvez por isso nos tenha faltado a coragem até hoje para colocar este post. 

Poderia colocar um excerto de Shine on You Crazy Diamond, uma das belas e humanas odes musicais nas quais ele teve um peso preponderante. Mas opto por colocar aqui uma música que talvez traduza um sentimento mais apropriado, por tudo o que já disse. Esta música que fora feita quando já ninguém esperava nada deles. Colocamos aqui. Em sua homenagem.



"(...)
There was a ragged band that followed in our footsteps
Running before time took our dreams away
Leaving the myriad small creatures trying to tie us to the ground
To a life consumed by slow decay

The grass was greener
The light was brighter
With friends surrounded
The night of wonder

(...)

With friends surrounded
The dawn mist glowing
The water flowing
The endless river

Forever and ever"

Adeus Rick

A Ideia e o Modelo

Faz 10 anos no próximo dia 27 que nasceu a ideia mais brilhante e revolucionária da internet. Em 1996 Larry E. Page e Sergey Brin criaram um motor de busca que tinha como objectivo ser mais eficiente do que todos os outros há época. Conseguindo-o tentaram de imediato vende-lo. Sem sucesso, criaram a própria empresa com um capital de risco de 100 mil dólares de um paladino senhor chamado Andy Bechtolsheim, a que lhe deram o nome de google, instalando-a na garagem da cunhada de Brin.

Hoje em dia a google é uma das empresas mais inovadoras e dinâmicas. Um gigante informático omnipresente na internet, responsável por 2/3 de todas as buscas na internet, com 600 milhões de utilizadores, um valor em bolsa que ultrapassa os cem mil milhões de euros (comparar com os 100mil dólares de crédito iniciais), valor que se aproxima de outras marcas poderosas e que já levam décadas de avanço como a Apple ou a IBM.

Larry e Sergey são um exemplo de génio e persistência. Demonstraram mais uma vez como uma ideia pode transformar o mundo, neste caso o mundo da internet e como esta pode evoluir depois, alastrando para todos os domínios dos serviços e aplicações tecnológicas. (gmail, google maps, browser Chrome, o telemóvel HTC Dream, construído numa própria plantaforma google, o Android.)

Por certo, ideias geniais que mudaram os mercados e o mundo não faltam por aí. No entanto, até no modelo esta marca e os seus autores criaram um paradigma. Com 20 000 trabalhadores, sujeitos a umas condições de trabalho surreais, como alimentação gratuita, massagens, ginásio, e obrigatoriedade a cada um de dedicar 20% do seu tempo na empresa para tratar de assuntos pessoais, esta empresa remete-nos para um mundo de encantar e um espaço de maravilhas. (Com comida de borla, tempinho para tratar de si e massagens, triste era ter de chegar a casa...)

A tudo isto não é alheio o facto deste "monstro" facturar 40% de toda a publicidade online mundial, com tendência para aumentar, com a crescente aglutinação de cada vez mais empresas ao mundo google.

A pergunta que fica é: Até quando este poder crescente megalómano, principalmente sobre conteúdos online será tolerável?

Secalhar até ao dia em surja uma outra nova ideia assente nos pressupostos de um modelo similar.

Fui googlar.

terça-feira, setembro 23, 2008

Senhor Sócrates, dê-me o direito à indignação.

E permita-me o direito ao exemplo, por força da proximidade:

Um casal com um filho deficiente, o pai com um rendimento abaixo dos 7000€ anuais, a mãe desempregada (posta na rua por um empresário caloteiro, ganancioso e criminoso), o filho com uma deficiência mental e dependente dos progenitores, provavelmente para o resto da vida. Este ano passaram do 1º escalão do IRS para o escalão 3º escalão do IRS, o que se assemelha a dizer, entre muitas coisas, que deixaram de ter qualquer apoio, por exemplo, na alimentação escolar do filho, ou financeiro na compra de livros escolares.

Sócrates a implodir a classe média nacional.

O chavão de que os ricos cada vez estão mais ricos, e os pobres cada vez mais pobres, parece nunca ter feito tanto sentido quanto o faz hoje, e não pegam as justificações com o preço do petróleo e a crise da economia mundial.
É revoltante quando se vê o agudizar das diferenças sociais e precariedade da vida das pessoas, principalmente quando estas são promovidas por decreto, a partir de gabinetes palacianos e pelo punho de áulicos visionários da vanguarda da modernidade social.

Fui, mas com asco.

!Aguenta-te firme, economia mundial!


sábado, setembro 20, 2008

Exultemos que hoje é dia.



Dia de felicitar um dos meus mais sinceros, queridos e ternos amigos.

Um quarto de século, não é só por si um grande feito. Nas sociedades ocidentais até pode não ser mesmo nada, mas um quarto de século vivido, experimentado e crescido como o feito, não é por certo para todos.


Sóxio a quando da sua experiência vivificante nos Super Dragões.

Continua com essa sagacidade penetrante, com esse talento para seres mais e melhor e com essa genuína e contagiante maneira de ser que tanto adoramos.


Vocês devem é estar TULINHUS!!!!!

Fui meu querido...

quarta-feira, setembro 17, 2008

Ao ninguém que um dia vi, e nada disse...


Um vulto humano, esquecido, entrecorta a multidão. Está um calor tórrido e não há vento. Que pessoa se esconde ali, por trás daquele semblante, taciturno, polido de uma resignação inquietante? Que mistérios ocultam aqueles olhos, baços, espelhos de memórias longínquas?

  Talvez o céu azul o vislumbre de vermelho, vendo o negro, onde outros se cegam. Ou talvez já nem sinta. Talvez nem se saiba definir ou encontrar, nem sequer o local oculto onde enterrou as cores, as doces cores, e aquele horizonte, longínquo, definido. Todos se agitam em redor, sequazes de infindáveis inutilidades, mas ninguém se compadece. Um breve suspiro de vento ecoou na praça.

 Os passos são lânguidos, pesarosos, as mãos agitam-se num tremor contínuo. Já o peso do tempo lhe cai em cima. Pouco já retém do brilho da alvorada. Nada mais pode esperar do mundo que a ignora, senão a atroz solidão, e o fim, esse, está próximo...


Foto por Christian Alber

terça-feira, setembro 16, 2008

POR FAVOR PAREM COM ESTA AGONIA!!

Escape is just the begining. Era escusado terem levado a premissa tão à letra. A fuga é apenas o início, para o piço, o milagre, as acções cortadas, as cenas inexplicáveis, os repelões da história... Para o despacha e vamos lá ganhar dinheiro que isto já está vendido.

E tu Sarah!!

Porquê?? Porquê??

AGONIA, DOR, PADECIMENTO..

Fiquem com um vídeo meloso deste grande amor que resiste a tudo - inclusive à morte e ao bom-senso -, e a todos - ultra vilãs bouas com facas afiadas e gorilas com armas e tantos músculos como a nossa imutável realeza - marcando o definhar de uma série genial até ao final da 1ª season e que agora não envergonharia qualquer iniciante de um mestrado em audiovisual ou guionista de uma qualquer série juvenil de final de tarde.



A-Team FoReVeR \00/

Fui

domingo, setembro 14, 2008

Wall E de Andrew Stanton (2008)
Género:  Animação / Aventura / Comédia / Drama
Este é um dos títulos que entrou directamente para a restrita galeria de filmes que compõem o meu imaginário, tal como a primeira trilogia de Star Wars ou os clássicos filmes de animação da Disney que infindavelmente via no velhinho VHS.


Wall-E, acrónimo de Waste Allocation Load Lifters - Earth-Class é um pequeno robô catador e empacotador de lixo que é deixado para trás num planeta Terra decrépito e imundo que levou a que toda a humanidade tivesse que o abandonar e viver até à data em naves espaciais controladas exclusivamente por dróides, levando a que o ser humano se transformasse em gigantes e gordos bebés, obrigados a não fazer nada, inclusive abstendo-se de se movimentar pelos próprios meios.

Criado pelos génios da Disney-Pixar, auxiliados desta vez pelo engenheiro de som Ben Burtt ligado à LucasFilm e génio de efeitos especiais sonoros, criador dos grunhidos de Chewbacca, da voz do mítico Darth Vader ou da voz de ET que na verdade, é a voz da sua mulher constipada, trouxe este filme para a dimensão da comédia muda dos filmes de Charlie Chaplin.

Em termos técnicos para mim tudo me pareceu perfeito. É arrepiante até onde o 3D nos pode levar, sublinho no entanto a extrema expressividade empregada na personagem principal e que apesar do seu aspecto de robô facilmente se lê toda a expressividade do sentimento humano.

Wall-E não é um filme convencional. É uma comédia, um drama, uma aventura, um romance, é tudo isto em partes e num só. Não é um filme para crianças, foi pensado exactamente para os seus pais. Carregado de um humor inteligente, irónico e crítico sem utilizar a maioria das vezes uma única palavra é um recado a uma humanidade cada vez menos importada com o planeta onde vive e mais com um espaço exterior onde não pertence enquanto se dá ao laxismo de destruir a sua casa e cede à inércia da inutilidade.

Por fim recordarei para todo o sempre (se nenhuma doença do foro neurológico me afectar entrentanto) a hora e meia de filme, inclusive genérico final no qual siderado na cadeira com os olhos no ecrã e ouvidos na música final que tão bem resume toda a mensagem do filme e comprova o génio de Peter Gabriel como escritor de melodias se finaliza este pedaço de obra de arte.



Fui

sábado, setembro 13, 2008

É com orgulho que OsAmendoinsdoRicky informam,



O prémio literário João da Silva Correia, atribuído pela câmara municipal de São João da Madeira, foi atribuído este ano a Martz Inura, pai de um dos amendoins deste blog, com a obra Viagem ao Fim do Império

O júri justifica a escolha, referindo que "A contenção e suavidade com que se abordam situações eivadas de ingredientes ‘explosivos’ transportam-nos para a presença de um autor de nível inacessível à banalidade". "A escrita elegante e fluida, de cativante leitura, não só pela economia e ritmo do discurso mas ainda por transparecer a verdade de um testemunho vivido em tempo e lugar de que urge falar, se queremos compreender este Portugal recente: a guerra colonial em Angola".

Esta é a 8ª obra de Martz Inura, depois dos 6 livros de poesia entitulados de "Sinfonias" e do romance "Um Sonho Secular", todos publicados em 2006. 

À falta de um pequeno excerto do livro que possamos colocar, deixamos aqui um poema da sinfonia nº6, tirada do sítio do escritor, onde se pode aceder a um pequeno resumo biográfico e excertos de todas as suas obras publicadas.

Nós

Comportamos

Os brilhos do alvorecer,

Comemos a cor das paisagens

E os acordes das sinfonias nascidas em pautas.

Fugimos de rios lágrimas transviados para algures,

Cheios de saudades com milhares de milénios, esperadas.

Sofremos jovem mãe a chorar junto do corpo de seu filho morto!

A nossa tristeza, a queremos esquecida num imenso deserto,

Deportada para uma escura noite que se quer perpetuada.

A nossa alma respira as árvores das florestas,

Aspira a um vento que nos venha libertar.

As luzes acentuam mais as sombras,

Fazem-nos realçar os medos,

As trevas procuram

O silêncio:

Nós!


quinta-feira, setembro 11, 2008

SUGESTÃO


Em início de mais uma época escolar, surgem os habituais problemas relacionados com o dinheiro do orçamento familiar destinado para a compra do material escolar, livros e por vezes as exigências dos mais pequenos, que nem se apercebem do que custa aos pais ceder a tais caprichos.

Mas em tempo de crise é necessário encontrar soluções. Na minha mais modesta opinião, uma delas passa pela reutilização dos livros escolares. Assim num determinado número de anos os mesmos livros deveriam servir mais do que um aluno. Isto porque muitos dos livros acabam por ficar numa caixa no sótão sem utilidade e os meninos deviam ser educados para estimar os livros e não riscar, rasgar, amachucar, como muitas vezes se vê. Também é relevante referir a quantidade de árvores que são poupadas se este modelo for implementado.

Em jeito de conclusão, poupa-se dinheiro, poupa-se muito papel, logo não se cortam tantas árvores. Educam-se as crianças de que os livros são importantes e que não se devem estragar. Até à próxima!


"O mundo não se rege pela arte, mas sim pela decrépita televisão"
Woody Allen

quarta-feira, setembro 10, 2008

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terça-feira, setembro 09, 2008

O admirável mundo louco em que vivemos

Que me perdoe Hemingway por tão rude golpe ao seu conhecidíssimo livro! Mas talvez me conceda, no final de contas, esta pequena graça. Falo-vos das segundas eleições democráticas na história de Angola, país da África sub-Sahariana, cerca de 16 milhões de habitantes, "apenas" o 7º maior produtor mundial de petróleo (1,7 milhões de barris por dia, fundamentalmente por Cabinda, a província despegada do país que deseja ser independente...) e 4º maior produtor mundial de diamantes, para além de produtor de outros indindáveis recursos minerais, dos quais destaco o ouro, e de inúmeros produtos agrícolas (4º maior produtor mundial de café) fruto de um extensíssimo território. 

Apesar da proibição da entrada no país de inúmeros jornalistas, das declaradas irregularidades nos cadernos eleitorais, e mesmo de coacção psicológica pela presença de militares, de membros do actual governo e de várias oferendas distribuídas nos locais de eleição, a UE declarou-as como válidas, Portugal seguindo o mesmo exemplo (ou não fossemos o 2º maior exportador para o país...). À volta de 80% dos eleitores do país pronunciaram-se pelo MPLA, o partido que governa o país. OsAmendoisdoRicky desejam felicitar os dirigentes Angolanos por tão saudável e pacífico ambiente democrático que, sem dúvida, reflecte os seus desejos de "transparência" e de "exemplo para o continente Africano".

Perante a pujança de tal escrutínio, revelando uma confiança inexcedível por parte do povo Angolano, outra coisa não esperaremos senão um progresso geral e social condizente com a riqueza exportada e com o crescimento anual de 21.1%. Não vemos como tal prosperidade não se possa traduzir num abatimento efectivo da corrupção e das mordazes desigualdades sociais, acessível ao simples clique do google maps (se quiserem, experimentem vós próprios em Luanda):

vs

Por último, esperemos todos que, pelo outro lado do Atlântico, se saiba dignificar o valor do intelecto e do raciocínio, da lógica e dos ideais. Não que duvide, afinal de contas trata-se de um povo tão instruído, seres humanos dotados de liberdade para reflectir individualmente... fundamentalmente, invocar todos os erros, todas as mortes inocentes e consequências catastróficas que se sucederam no regime em vigor. Óbvio que não vão transformar uma disputa eleitoral num confronto de raças, credos ou conquistas individuais, ou num confronto de personagens de telenovela. Por mil cruzes, que receio tão disparatado e infundado : )



"Introduce a little anarchy... upset the established order... and everything becomes chaos" by Joker, The Dark Knight


Edit de 21/09/2008: E que Huxley me perdoe por chamá-lo de Hemingway! Ah, por mil Harrisons. Obrigado Jonie Bats : D

segunda-feira, setembro 08, 2008

Insurgentes

Desta vez, o profícuo compositor britânico Steven Wilson (Porcupine Tree, Blackfield, No-man, Bass Communion, Continuum) decidiu aventurar-se, paralelamente aos seus inúmeros projectos musicais, numa carreira a solo. Deixo aqui um pequeno excerto daquilo que parece, mais uma vez, prometer:



Aproveito ainda para relembrar que falta precisamente 1 mês para os aguardados concertos dos Porcupine Tree em Lisboa e no Porto. Os bilhetes encontram-se à venda na Ticketline e nas várias Fnac's espalhadas pelo país. Relembro ser uma oportunidade única para assistir àquela que é, na opinião do blog e de muitos críticos do rock, uma das mais creativas e marcantes bandas rock do momento, responsável por uma onda de culto underground impressionante. Aqui fica o exemplo, neste vídeo amador feito por um fã, de uma das inúmeras pérolas da banda de Steven Wilson, onde o sentimento e as palavras se unem num uníssono prodigioso:




sábado, setembro 06, 2008

Fleet Foxes ::: Fleet Foxes

The Seattle, EUA, chega o álbum de estreia dos Fleet Foxes, de nome homónimo. O seu estilo, um folk barroco arrebatado, remete a um passado Europeu já extinto, de tradições, sentimentos e algazarras provincianas, nada fazendo de facto prever que o grupo é de solo americano. 

O que ressalta logo no album são as harmonizações de vozes. Estas, vão mais além das que os Beach Boys ou os Beatles apresentaram ao mundo na década de 60, numa sucessão de acordes vocais que, ao início parecendo estranho, logo se nos marcará profundamente como uma revelação de um encanto misterioso. Por outro lado, esta qualidade é cimentada pela interpretação do vocalista, de uma sinceridade alarmante, sobretudo nas faixas "Tiger Mountain Peasant Song" e "Oliver James" fazendo lembrar dois grandes nomes do songwriting internacional, Mark Kozelek e Nick Drake, respectivamente. O resultado é apelativo, entre o paradigma do épico (por vezes fazendo lembrar um pouco os Arcade Fire) e o introspectivo.

Vale a pena saborear as palavras e sentimentos deste álbum que, tendo já em conta as excelentes críticas que vai tendo, figurará por certo como um dos melhores de 2008.

Aqui, uma das faixas ao vivo:


sexta-feira, setembro 05, 2008

Conversa com nabos


quarta-feira, setembro 03, 2008

Estava eu em amena cavaqueira a passear com o The Great Fucking Eye, a falar das suas inefáveis virtudes como personagem do épico Lord of the Rings, quando nos surgiu uma ideia genial, digna de considerações epopeicas... Porque não visitar o nosso venerável e amicíssimo representante da indústria petrolífera, petroquímica, petropseudorenovável (enfim, o que queiramos) portuguesa? Nada como isso para agitar o resto do serão, que, como devem de imaginar, estava já a ser bastante aborrecido para os meus lados.

Pois encontramos o dito senhor no seu gabinete, numa postura altamente digna, a roçar no cume da abnegação louvável à riqueza da condição humana... Senão vejamos:

Posso dizer que tivemos uma conversa interessantíssima, que percorreu abrangentes e eclécticos assuntos... todos ligados, como não poderia deixar de ser, à prosperidade e elevação social, cultural e espiritual do ser humano. Revelou conhecimentos inesgotáveis em todos estes assuntos, sempre com uma loquacidade e eloquência invejáveis, dos quais eu saliento uma destreza especialmente acentuada neste tópico "Como conseguir subir o preço do combustível quando o petróleo está em queda acentuada há várias semanas", bem como neste "Como conseguir explicar que, para o mesmo grau de oscilação, subir é fácil e descer é difícil". Sugeri até, elaborar dois artigos científicos em que expusesse os seus estudos e considerações sobre tais temáticas, verdadeiramente originais e intelectualmente difíceis de se conjecturar, uma vez me parece revolucionarem a própria teoria da relatividade de Einstein.

Quanto ao The Fucking Great Eye, posso dizer que ficou particularmente encantado, ele que costuma ser tão distante e desinteressado em tudo... Centrou-se muito na decoração do escritório para encetar conversações com o dito senhor, tendo tido os dois uma longa conversa sobre o tema "Virtudes e encantos do senador Palpatine..." à qual eu assisti, numa acesa luta interior para dominar um delírio febril de ódio e raiva...

Antes de sair, cuspi no chão. Para que fique bem claro. E mais devo referir que estava particularmente mucosa a minha especturação...

I'm back!


Permitam-me o devaneio... apeteceu-me mesmo pegar no queridíssimo Microsoft Word e juntar umas palavras que passeavam soltas no pensamento... Fui buscá-las ^_^


Quando o mar se passeia e os sentidos descobrem o ser livre que nele habita, a mão esconde-se como rocha cansada e despida de sensações, o cheiro não cessa o paladar da fúria que insiste rastejar na areia, e enquanto o mar se apresenta sereno e imponente, uma luz desce nele e lhe conta ao ouvido o que observa dia após dia... Esta diz contemplar o seu brilho sedutor, a sua força silenciosa e o seu navegar acolhedor, a sua continuidade sem medida...
Findado o caminhar sossegado do soberano, por entre uma brisa incomum, ele depressa se manifesta na sua angústia, no seu ferido sentir de olhares que percebe, devastadores de uma singularidade egoísta.
Deixa-te cativar pela doçura que não evitas, pelo suspiro que provocas,
Não peças essa liberdade, nao te mintas,
Não te prendas, não te dês dessa maneira,
Porque no desejo de ficar te vais, porque na vontade de sentir, te escondes,
Apenas vive...
...vive o brilho que te reflete harmonia sedutora, conquista-te pela força que te sussura, liberta-te na imensidão desmedida que a cada dia te alimenta.
Porque não vives intensamente?


Fica a questão ilustres utilizadores... deixem-se levar por esta elevação da superfície das águas =P


cya*

segunda-feira, setembro 01, 2008

Dando resposta aos vossos inúmeros mails com opiniões, divagações e calúnias ocorreu entre as centenas de milhares uma ideia que logo se tornou luminosa ao nossos olhos. Sem mais delongas deixo os nossos agradecimentos à fã em questão e passo a expor o objectivo e conteúdo da nova rubrica que terá periodicidade mensal, salvo qualquer ocorrência de magnitude inimaginavelmente catastrófica.

Todos os meses será colocada uma pergunta feita por vocês (a qual devem endereçar para OsAmendoinsDoRiky@yahoo.com), pergunta essa que deve ser revestida da mais elevada pertinência, aceitando-se igualmente aquelas que possam ser adjectivadas de parvas, estúpidas e surreais.

As respostas serão dadas nos comentários por nós próprios e por todos aqueles que nos visitam. O que me leva a deixar o meu execro a todos aqueles que por aqui passam e não ousarem dizer o que pensam. A minha terrífica praga consiste no desejo que ouçam Os Delfins, D'Arrasar e Just Girls até ao final da vossa vida e início de eternidade. Nhã Nhã. Amén.

A pergunta deste mês de Setembro foi sugerida pela visionária desta rubrica e é a seguinte:

Bom dia/tarde/noite/madrugada, whatever…
Queria propor aos Amendoins, grupo de pessoas extremamente dotado de inteligência e sabedoria, uma questão que me tem assombrado desde os meus mais tenros dias.
Como boa amante da leitura (nem sempre dos grandes clássicos de Dostoyevsky, mas cada um lê o que lhe cai mais no interesse), sempre existiu um factor que me causou grande desagrado e dores no pescoço. Porque é que a lombada dos livros não têm todas uma orientação universal? Do género 1+1 ser 2, pelo mundo fora. Como odeio (e adoro ao mesmo tempo) passear-me por uma livraria de cabeça tombada ora para a esquerda, ora para a direita, na tentativa de perscrutar entre os títulos literários, algum em que me foque o interesse.
Tal problema mantém-se na questão dos dvds, não sendo tão problemática, por terem uma diferente estratégia de posicionamento à venda.

Digam de sua justiça, oh almas clarividentes e abonadas divinamente por S. Onte, padroeiro dos amendoins (quem sabe...)
Uma seguidora das vossas pegadas bloguistas e ansiosa por algum esclarecimento superior,

Sara

PS.: Obrigado por tudo meus Deuses da sabedoria e beleza masculina.


E também feminina...