Ao ninguém que um dia vi, e nada disse...
Um vulto humano, esquecido, entrecorta a multidão. Está um calor tórrido e não há vento. Que pessoa se esconde ali, por trás daquele semblante, taciturno, polido de uma resignação inquietante? Que mistérios ocultam aqueles olhos, baços, espelhos de memórias longínquas?
Talvez o céu azul o vislumbre de vermelho, vendo o negro, onde outros se cegam. Ou talvez já nem sinta. Talvez nem se saiba definir ou encontrar, nem sequer o local oculto onde enterrou as cores, as doces cores, e aquele horizonte, longínquo, definido. Todos se agitam em redor, sequazes de infindáveis inutilidades, mas ninguém se compadece. Um breve suspiro de vento ecoou na praça.
Os passos são lânguidos, pesarosos, as mãos agitam-se num tremor contínuo. Já o peso do tempo lhe cai em cima. Pouco já retém do brilho da alvorada. Nada mais pode esperar do mundo que a ignora, senão a atroz solidão, e o fim, esse, está próximo...
Foto por Christian Alber
3 comentários:
Inquietante...
Angustiante...
Cruamente real...
Enviar um comentário