domingo, março 09, 2008

Klass de Ilmar Raag (2007)
Género: Drama



Numa época em que assistimos cada vez mais a ondas de criminalidade sem explicação, caso dos múltiplos episódios de homicídios em escolas um pouco pelo mundo fora (salientado-se neste aspecto a sempre muy nobre, portentosa e magnânime nação Americana...), este filme Estoniano (!), do realizador Ilmar Raag, baseado em factos reais, retrata um pouco desta onda de violência gratuita que parece proliferar cada vez mais entre as camadas mais jovens da sociedade ocidental. Este tema fora, aliás, já retratado de forma sublime no delicioso último album de Porcupine Tree - Fear of a Blank Planet.

A história está centrada num caso típico de "Bullying", que, para os mais desatentos destas novas terminologias, se trata de um termo que abrange todos os "actos de violência física ou psicológica, intencionais e repetidos, praticados por um indivíduo (bully) ou grupo de indivíduos com o objectivo de intimidar ou agredir outro indivíduo (ou grupo de indivíduos) incapaz(es) de se defender" (adaptado de Wikipedia), em prática, toda a opressão e violência gerada a um indivíduo teoricamente mais fraco, uma forma de violência tão comum nas escolas (quem já não sentiu ou presenciou?). Já Dostoievsky, em pleno século XIX, reportava de forma curiosa esta situação numa das suas obra primas, Os Irmãos Karamazov, a propósito de uma das suas características quezílias anedóticas, referindo que "certos rapazes de hoje em dia parecem transportar o demónio dentro deles" (curiosa a forma como na altura descreveu uns rapazitos de 10 ou 11 anos).

Voltando ao filme, este capta de forma abrasiva quão irracional é, por vezes, o ser Humano, e como este se deixa dominar por "lógicas de grupo" grotescas, nomeadamente, como uma turma inteira se deixou levar pela obstinação que o "líder" tinha por um indivíduo que fugia à regra - e que, apesar de tudo, talvez o vejamos como o mais normal. É sobre este preâmbulo (em que, talvez até, de uma forma nostálgica nos revejamos em algum dos personagens) que todo o filme evolui, soando a uma injustiça arrepiante, como que nos preparando para a dramática cena final, que por muito tempo não esqueceremos. Uma reflexão dramática sobre a construção da vida assente na superficialidade e as trágicas consequências que isso implica.

Vencedor de 5 prémios internacionais. Um filme a não perder.

Veredicto: 8,5


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4 comentários:

Mariana disse...

Interessante de facto...

Anónimo disse...

Nimpo onde vais buscar estes filmes?

Anónimo disse...

não sei bem como me deparo com este tipo de fucking stuffs

Rock disse...

Um filme arrepiante... Dá muito que pensar!!